Investigação de Reserva Ovariana
É uma estimativa aproximada da quantidade de óvulos que a mulher possui em ambos os ovários.
Questões hereditárias ou adquiridas podem interferir na reserva ovariana de cada mulher. Se a mãe entrou na menopausa cedo, por exemplo, essa mulher pode ter herdado dela uma predisposição para entrar na menopausa cedo também, com uma provavel reserva ovariana menor que a média. Se a mãe menopausou tarde, ela pode ter reserva ovariana acima da média. Se perdeu um ovário ou parte numa cirurgia, também poderia entrar na menopausa mais cedo.
É realizada através de exames simples e não invasivos.
É importante saber que, ainda na barriga da mãe, entre 16 e 20 semanas de gravidez, o bebê “menina” possui ao redor de 6-7 milhões de óvulos.
Ao nascer, a menina já perdeu em torno de 80% deles, tendo aproximadamente 1 milhão a 1 milhão e 500 mil óvulos.
Do nascimento até primeira ovulação, entre os 10 e 15 anos, ela perde aproximadamente 2/3 do que tinha ao nascer, tendo agora de 300 a 500 mil óvulos.
Apenas aproximadamente um milésimo desses vão produzir um óvulo maduro em cada ovulação ou ciclo menstrual, mas junto com esse que ela vai ovular, a cada mês, ao redor de 1% de todos que ela possuiu, começam a amadurecer, tendo seu amadurecimento interrompido e seguindo para um processo de degeneração irreversível, conhecido por atresia folicular. A estimulação dos ovários com hormônios pode resgatar boa parte desses que seriam perdidos.
Paralelamente a essa diminuição progressiva na reserva ovariana, acontece o envelhecimento deles, tornando-os incapazes de gerar um bebê saudável, que também é um processo progressivo e irreversível.
Não há como avaliar a qualidade dos óvulos dessa reserva ovariana, mas pelo menos podemos ter uma noção da quantidade deles.
Existe ainda uma condição relativamente rara, onde a mulher possui folículos, mas nenhum deles contém óvulo. Nesses raros casos, os exames para investigar a reserva ovariana, que na verdade investigam o número de folículos, pode falhar.
Quais são esses exames?
1- Ultrassonografia transvaginal, realizada entre o 1° e o 5° dia do ciclo menstrual, com contagem de folículos antrais. Nesse exame se avalia a localização e o diâmetro médio de cada ovário, que diminui junto com a reserva ovariana. Numa mulher de 20 anos os ovários são do tamanho de uma noz enquanto que numa de 50 anos, são do tamanho de uma azeitona preta, daquelas pequenas. Também é feita uma contagem e medição de todos os folículos contidos em cada ovário, que nos dá ideia do número de óvulos que poderia ser obtido naquele ciclo, caso fosse estimulado com hormônios. Essa contagem pode variar um pouco de um ciclo para outro. Aproveitamos ainda para fazer uma avaliação do útero, de sua forma, medidas, regularidade do contorno e textura, para ver se estão adequadas, assim como do endométrio, mucosa que reveste o útero por dentro. A presença de cistos pode sugerir endometriose, doença que compromete a fertilidade e geralmente se inicia cedo.
2- Dosagem do hormônio anti-mülleriano (AMH ou HAM). Esse hormônio está elevado quando a reserva ovariana é grande e vai diminuindo à medida em que ela diminui. É produzido principalmente pelas células da granulosa dos folículos pré antrais e dos folículos antrais pequenos. Sofre pouca variação de um ciclo para o outro e também nos diferentes dias do ciclo, permitindo que seja dosado em qualquer fase do ciclo menstrual.
3- Dosagem do hormônio FSH basal, realizado entre o 1° e o 3° dia do ciclo menstrual. Esse é o hormônio que mensalmente estimula o crescimento de folículos. O nível do FSH vai subindo à medida em que a reserva ovariana diminui. Deve ser realizado junto com outros hormônios, que interferem na liberação dele. É recomendável que seja repetido, também junto com os outros, aproximadamente uma semana depois, entre o 7° e o 10° dia do mesmo ciclo, para nos dar ideia de se aquele nível de FSH basal é real, se consegue mesmo produzir crescimento de folículos.
É importante saber que esses 3 métodos podem sofrer interferências, como por exemplo de uma gravidez recente, amamentação, reposição hormonal, uso de pílulas anticoncepcionais, anabolizantes e etc. Juntar os 3 métodos pode reduzir o risco de erro na estimativa da reserva ovariana.
Antigamente era comum a mulher ter vários filhos, sendo que o primeiro geralmente antes dos vinte anos de idade.
Hoje, nessa idade a mulher está estudando, estagiando ou trabalhando, focada principalmente na carreira profissional.
Com raras exceções, dificilmente consegue atingir a meta que traçou, antes dos 35 anos ou mais.
Durante esse tempo investindo na carreira, mesmo aquela que sonha ter filhos, têm dificuldade de conciliar a carreira e a maternidade.
A investigação da reserva ovariana é simples e não invasiva, permitindo à mulher que sonha ter filhos ou àquela que ainda não se decidiu a respeito, saber se sua reserva é normal, acima ou abaixo da média, por quanto tempo pode esperar ou se deve recorrer a alguma estratégia, como o congelamento de óvulos, por exemplo, caso não pretenda ter filhos naquele momento. Permite também estimar a dose necessária de hormônios para estimular seus ovários, pois essa dose aumenta à medida em que a reserva ovariana diminui.